No
final dos anos 50, Paris torna-se cenário do filme “ Os
incompreendidos”, de François Truffaut. Uma película que traz com os
golpes de olhar do personagem principal, a chance da espectadora
questionar: o que um encontro, que presentifica o não dito, permite
escrever?
Numa
cena, inesperadamente Antoine depara-se com sua mãe beijando um homem,
que não era seu pai. Este encontro levou-me a refletir sobre a
incidência do mal entendido entre os sexos e sua repercussão para um
jovem. Assim, uma experiência subjetiva do olhar, traz para o falasser
aquilo que não se escreve. A relação sexual não se escreve, mas há algo
de um registro que advém desta contingência. Antoine mata simbolicamente
sua mãe e na carta deixada aos pais, aponta que vai provar poder ser um
homem.
Assim,
se por um lado não se escreve que cada um goza ao seu modo, a relação
entre a articulação simbólica e o desejo de independência, destaca o que
de um encontro pode vir a se escrever.
No
entanto, enquanto Antoine busca ser homem... para uma mulher,
envereda-se em errâncias retratadas pelas fugas, mentiras, furtos. Mas
pela primeira vez ele experimenta o contato com o litoral. Eis a
surpresa de um jovem voyer, na fronteira entre a liberdade e o
aprisionamento, experimentando o que advém da não relação sexual.
Marcia Stival Onyszkiewicz (EBP/AMP)
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Videografia
“Abordar
a adolescência a partir do desejo é uma boa escolha porque abre a
possibilidade de situar que a psicanálise abre as vias do desejo a um
ser falante porque lhe permite surgir como sujeito da palavra e não ser
um puro objeto da língua”... “falar é estar em falta e estar em falta é
desejar”.
Ana Ruth Najles (AME – EOL/AMP)
- foto1:As melhores coisas do mundo (2010) de Lais Brodansky
- foto 2: Que horas ela volta? (2015) – Anna Muylaert
- foto 4 - À deriva (2009) de Heitor Dhalia
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