28 de abril de 2010

[EBP-Veredas] Resenha da II Jornada de Cartéis


II Jornada de Cartéis da Delegação RN
Foi com um entusiasmo renovado que no sábado, dia 24 de abril, realizamos a II Jornada de Cartéis da Delegação RN.
Duas mesas de trabalho discutiram o tema proposto: “O Cartel e a Escola de Lacan”. Em sua fala de abertura, Cláudia Formiga, coordenadora da Delegação, deu as boas vindas e conclamou todos ao trabalho, lembrando da importância do Cartel como órgão de base da Escola na formação do analista e na transmissão da psicanálise.
A primeira mesa trouxe um animado debate que teve como base principalmente os textos de Lacan, Jacques-Alain Miller e Stella Jimenez, além de outros autores. Aline Maia fez um percurso pela história da criação, por Lacan, do dispositivo do cartel, partindo do seu texto “A psiquiatria Inglesa e a Guerra” passando pela “Ata de fundação” e a “Carta de Dissolução”.
A contribuição de Cláudia Formiga trouxe para a discussão a questão do mais-um, significante enigmático cuja função está relacionada com uma provocação à elaboração. Citando Miller, Cláudia ressaltou uma aproximação existente entre a lógica do cartel e o discurso da histérica e lembrou Sócrates como exemplo de um discurso cuja ética se aproxima da ética do mais-um.
A partir da pergunta “o que se transmite num cartel?” Viviane Leite enfatizou a importância da passagem do trabalho de transferência à transferência de trabalho, como resultado da elaboração em um cartel e Liège Uchôa destacou do texto de Stella Jimenez a elaboração dessa autora sobre o estilo como aquilo que se transmite em psicanálise, ressaltando a importância do cartel como lugar privilegiado onde ocorre essa transmissão.
À tarde, três colegas trouxeram seus produtos de cartéis: Ana Aparecida Rocha, com o trabalho “Acolher crianças em um CAPSi: o que se escuta? “ fruto do cartel Sintoma e Laço Social. Paulo Henrique Fernandes falou de sua experiência em cartel apresentando um trabalho sobre as entrevistas preliminares e sua importância para a direção do tratamento e, por ultimo, a contribuição de Juliana Ribeiro com o trabalho "O mal-estar na inclusão escolar: fragmentos do trabalho com uma professora."
Um profícuo debate se estabeleceu com a participação e os comentários dos colegas presentes.Além do trabalho cuidadoso nossa jornada teve momentos agradáveis em que degustamos um saboroso brunch, ouvimos boa música e desfrutamos da companhia dos colegas.
O evento foi encerrado pontualmente, com o seu objetivo alcançado, o que se pode constatar pelas propostas de cartéis surgidas.
Para a jornada confeccionamos uma brochura com textos sobre cartel, que pode ser adquirida da na secretaria. Um livro “Ache seu cartel” estará à disposição na delegação para quem estiver interessado em passar pela experiência de um cartel.“Vamos. Reúnam-se vários, grudem-se o tempo necessário para fazer alguma coisa e depois se dissolvam para fazer outra coisa (...) se desliguem antes de ficarem grudados irremediavelmente”.
Assim, Lacan apresentou de modo simples a questão do cartel em março de 1980. Esse “fazer algo” é o que Lacan chama de trabalho da Escola. Nossa aposta é que nossa delegação possa trazer o espírito da lógica inventada e re-inventada por Lacan e experimentada por tantos colegas ao longo desses 46 anos. Ousemos saber.
E a esse saber que se depura nessa lógica, Lacan nos orienta, em sua Ata de fundação, a assegurar que “nada se poupará para que tudo o que façam de valioso tenha a repercussão que merecer no lugar que lhe convenha”.
Ana Eloá Cerqueira
Coordenadora de Intercâmbio e Cartéis

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