8 de novembro de 2006
XVI Encontro Brasileiro do Campo Freudiano
OS NOMES DO AMOR: do Um e do Múltiplo
O XVI Encontro Brasileiro do Campo Freudiano aconteceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, de 02 a 04 de novembro de 2006. Experimentamos, durantes esses dias, por meio de um trabalho coletivo capaz de “atravessar mares e montanhas”, a vivacidade do enlace entre as diversas sessões e delegações da Escola Brasileira de Psicanálise, e mesmo, a intensidade “desse amor particular sobre o qual se sustenta e se fundamenta o discurso analítico”[1].
Os participantes, vindos das diversas partes do país, animados por um genuíno desejo de Escola, não se deixaram esmorecer pelo acontecimento imprevisto – a chamada operação padrão dos controladores de vôos – o que justamente nas vésperas, e durante o primeiro dia do Encontro, gerou um verdadeiro caos nos aeroportos do país.
O imprevisto não deixou de convocar a invenção e a mudança no antes planejado: desde a elaboração de uma nova programação, até mudanças nos meios previstos de locomoção – o paradeiro dos aviões produziu situações dignas de um “road movie” – colegas deixaram os aeroportos, e vieram para Belo Horizonte de carro, ônibus, carona, ou ainda, com “a cara e a coragem”, e com a determinação de atravessar as longas esperas impostas pela contingência.
O Encontro não só aconteceu, como foi animado do início ao fim, pelos significantes que se propôs a colocar a trabalho: o amor, seus nomes, gestos, caminhos e descaminhos, sobressaltos, mistérios, enigmas, esconderijos, sutilezas, sua força, em cada trabalho que lhe deu corpo, e em cada presença que se fez laço, e permitiu, que da solidão de cada um com a causa analítica, se produzisse, um verdadeiro Encontro.
Lucíola Freitas de Macedo – coordenadora da Comissão de Acolhimento e Infra-estrutura
[1] LAURENT, E. Palabras de apertura de las IV Jornadas de la NEL, IN: AMP-Blog.
Notícias – Cristina Drummond
O XVI Encontro Brasileiro do Campo Freudiano, que ocorreu entre os dias 2 e 4 de novembro, reuniu 600 participantes de todo o país e teve como titulo: Nomes do Amor. Neste encontro, a contingência da crise nos aeroportos brasileiros não esperou para se fazer presente, deixando-nos claro que o amor caminha no rastro do real. Muitos membros da EBP tiveram que encontrar alternativas para estar presentes no Encontro que, apesar de algumas alterações, ocorreu num clima intenso de trabalho e entusiasmo. Nele pudemos nos deparar com vários nomes do amor na psicanálise, apresentados de oitenta maneiras particulares, um por um reunidos em um caderno que, depois de ler, penso poder afirmar que testemunham o fato de que, na EBP, somos todos amantes da psicanálise. Esse amor é o produto de um encontro com o texto de Freud, de um encontro com um analista, o produto de um amor particular no qual o discurso analítico se funda e que é o amor de transferência. O desdobramento desse amor se faz transferência de trabalho endereçada a nossa Escola. O boletim eletrônico “Cartas de amuro” testemunham disso e nos amarraram na preparação deste Encontro. Os trabalhos foram discutidos sob a forma de conversação em torno dos temas: parcerias sintomáticas, novos nomes do amor, transferência e amores loucos. Neles o tema foi esclarecido pela clínica da psicose, refletido a partir da literatura de Machado de Assis, Molière, Breton, Goethe, Mário de Andrade, Nelson Rodrigues, pela poesia de Vinícius, de Manoel de Barros, Rimbaud, Castro Alves, pelo cinema, pela histeria, em sua versão conturbada nos adolescentes com seus estilos de vida amorosa marcados pela fluidez, transitoriedade, inconstância e errância, pela obsessão, pelos exemplos de parcerias e famílias contemporâneas. Uma das plenárias tratou da avaliação e das respostas do amor. Contamos ainda com a presença do delegado da AMP-América, Leonardo Gorostiza. Também com um seminário proferido pela primeira vez por um colega da EBP num encontro nacional: Bernardino Horne, que inaugurou uma nova maneira de fazer um seminário entre nós, um seminário de alguém que conhece intimamente nossa Escola e por isso introduziu e contou com a contribuição dos colegas de todos os cantos da EBP. Além disso, tivemos um emocionante depoimento de passe de Maurício Tarrab, onde ele enfatizou a questão do amor em seu percurso de análise. Tudo o que foi organizado e preparado por tantos colegas, acrescido pela contingência, possibilitou que este fosse um bom encontro. Restou-nos festejá-lo com alegria.
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Realizou-se em Belo Horizonte, nos dias 2,3 e 4 de novembro, o XVI Encontro Brasileiro do Campo Freudiano. Sob o título genérico proposto pelo Conselho da EBP de Nomes do Amor, a Comissão Científica definiu 4 eixos de trabalho que orientaram os aproximadamente 90 trabalhos recebidos. Foram eles: Transferência, onde procurou-se privilegiar casos clínicos com formulações e impasses relativos ao amor transferencial; Amores Loucos, onde as modalidades psicóticas de amar, em situações detectadas na clínica ou na cultura foram investigadas e discutidas de forma ampla; Parcerias Sintomáticas, onde, ao lado do amor, o amódio facilmente encontra repercussão uma vez que se trata ali de solicitar ao parceiro que sustente um impossível ao sujeito e, finalmente, Novos Nomes do Amor, quando questões relativas ao momento atual da cultura- como Internet, amores gays e outra questões contemporâneas- puderam ser debatidas e interpeladas pelos recursos que nossa Orientação nos oferece.Também contamos com uma plenária sobre a avaliação onde tentamos discernir onde é que, no plano do amor, as tendências contemporâneas à avaliação poderiam incidir e que tipo de efeito produziriam.
Posso afirmar que as discussões, muitas vezes acaloradas, que perpassaram todo o Encontro, assim como os resultados alcançados foram verdadeiramente gratificantes e fecundos. Incidirão certamente sobre nossas elaborações posteriores.
Sérgio de Castro
Coordenador da Comissão Científica do XVI Encontro Brasileiro
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