#qqpega
07
Boletim da XX Jornada da EBP-MG
"Jovens.com: Corpos & Linguagens"
Começamos este Boletim #qqpega 07
convidando para o III Seminário Preparatório que ocorrerá no dia 16 de
junho, às 20h30, na sede da EBP-MG e contará com as intervenções de Cristina
Drummond sob o título "O Despertar da Primavera" e Sérgio Laia
nos falará sobre a "Sexuação na Juventude". A coordenação da mesa
ficará sob a responsabilidade de Elisa Alvarenga.
Para dar um gostinho do que acontecerá nesta
próxima quinta-feira, Cristina Drummond e Sérgio Laia enviaram para o Boletim #qqpega
algumas linhas sobre o percurso pelo que farão em seus textos. Deixo-os com a
palavra!
Nossa proposta é tratar de um dos três
aspectos considerados por Miller, em seu texto "Em direção à
adolescência", como fundamentais para a psicanálise dos jovens. Trata-se
do desenvolvimento da personalidade, ou seja, dos moldes da articulação do eu
ideal e do Ideal do eu, que já se apresentavam em "Para introduzir o
Narcisismo", de Freud. Vamos tomar esse ponto a partir da leitura de Lacan
sobre Gide e sua solução adolescente que é desencadeada pela imiscuição do
adulto nele enquanto criança.
Essa leitura busca tratar do que em nossa contemporaneidade temos visto como
uma ausência dos Ideais do eu, promovidos pela presença do pai e da presença,
em seu lugar, do eu ideal, promovido pela sociedade dos irmãos todos iguais e
pelas soluções apresentadas pelos sintomas sociais.
Ora, o Ideal do eu é uma instancia simbólica muito distinta do eu ideal que é imaginário. As figuras ideais para os jovens de hoje se colocam, de modo cada vez mais frequente, não do lado da herança paterna, mas do lado do duplo, muitas vezes mortífero. Essas soluções nos mostram o desafio que a clínica com jovens nos traz no sentido de darmos lugar à palavra e ao desejo num universo onde o que se apresenta é um empuxo ao gozo e uma ausência de sintomas.
Gide que conclui seu processo adolescente aos 25 anos é um paradigma das chances que um sujeito jovem pode ter de dar lugar à palavra que humaniza o desejo quando sua história infantil não lhe abriu essas portas. Lacan aponta em Gide um problema quanto a sua relação com o Ideal do eu, e nos diz que "no mesmo ponto em que se produz o Ideal do eu [...] Gide ensina que se produz, em seu caso, a perversão". Sua solução singular nos permite pensar a imiscuição como o efeito de um encontro com o real sob a forma da contingencia e que abre uma nova orientação para o desejo e para o amor. Seu exemplo fala em favor do encontro de um jovem com um analista como a oportunidade de reorientação de um destino.
Ora, o Ideal do eu é uma instancia simbólica muito distinta do eu ideal que é imaginário. As figuras ideais para os jovens de hoje se colocam, de modo cada vez mais frequente, não do lado da herança paterna, mas do lado do duplo, muitas vezes mortífero. Essas soluções nos mostram o desafio que a clínica com jovens nos traz no sentido de darmos lugar à palavra e ao desejo num universo onde o que se apresenta é um empuxo ao gozo e uma ausência de sintomas.
Gide que conclui seu processo adolescente aos 25 anos é um paradigma das chances que um sujeito jovem pode ter de dar lugar à palavra que humaniza o desejo quando sua história infantil não lhe abriu essas portas. Lacan aponta em Gide um problema quanto a sua relação com o Ideal do eu, e nos diz que "no mesmo ponto em que se produz o Ideal do eu [...] Gide ensina que se produz, em seu caso, a perversão". Sua solução singular nos permite pensar a imiscuição como o efeito de um encontro com o real sob a forma da contingencia e que abre uma nova orientação para o desejo e para o amor. Seu exemplo fala em favor do encontro de um jovem com um analista como a oportunidade de reorientação de um destino.
Cristina Drummond
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A intervenção de Sérgio Laia terá como título:
"Meninos e Meninas não são (ainda) Homens e Mulheres" e ele também
nos enviou sua ementa:
Atribui-se aos adolescentes, ou aos jovens (se
preferirmos adotar o termo do título da XX Jornada da EBP-MG), a definição de
um posicionamento com relação à sexualidade e que os fariam passar, segundo uma
perspectiva considerada hoje "binária", de meninos e meninas a,
respectivamente, homens e mulheres. Entretanto, neste nosso mundo permeado pela
diversidade sexual e questionador da heteronormatividade, a função referencial
do falo é problematizada ou mesmo simplesmente assimilada a um ordenamento
arcaico, decadente e patriarcal. Esse tipo de problematização e de assimilação,
embora bastante incisivo no âmbito do que se diz sobre a sexualidade
atualmente, nem sempre dá conta ou se faz acompanhar do que acontece nos
corpos, tal como o verificamos em muitas circunstâncias apresentadas em nossos
consultórios. Nesse contexto contemporâneo, as formulações lacanianas sobre a
dimensão real do falo, sua função fônica e como "falácia",
"testemunha do real" em jogo nos encontros e desencontros dos corpos
sexuados me parecem oportunas e decisivas para responder ao que acontece nos
corpos. Um caso clínico, por fim, poderá nos ajudar a discernir essas
formulações e verificar como se opera com elas na experiência analítica.
Ainda no tema dos Seminários Preparatórios, as
colegas Fernanda Costa e Renata Dinardi escreveram a resenha da
atividade que aconteceu no útimo 19 de maio, que contou com os trabalhos de Ana
Lydia Santiago e Sérgio Mattos. Não deixem de ler a resenha!
Por ocasião do X Congresso da Associação Mundial
de Psicanálise no Rio de Janeiro em abril deste ano, fizemos uma série de
entrevistas com os colegas da EBP e de outras Escolas da AMP. Para este Boletim
#qqpega 07 trazemos a entrevista realizada com Isabel do Rêgo Barros
Duarte da EBP-Rio. Perguntamos à ela "qual a marca da juventude?"
e "o que a psicanálise tem a dizer aos jovens?".
Lembrando que o prazo para o envio dos trabalhos
se encerra no final deste mês no dia 30 de junho. Para mais informações clique aqui.
E para quem for ao III Seminário Preparatório,
aproveitem e façam sua inscrição na secretaria da EBP-MG, pois os
valores ainda estão com desconto.
Boa leitura a todos!
Miguel Antunes
Coordenador do Boletim #qqpega
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