Colóquio da EBP-MG em Montes Claros
(programa atualizado)
COLÓQUIO DA ESCOLA BRASILEIRA DE
PSICANÁLISE – SEÇÃO MINAS GERAIS (EBP-MG)
EM MONTES CLAROS
A Psicanálise, o corpo e o que aí acontece
APRESENTAÇÃO
O que aí acontece?
Essa pergunta que no tema de nosso
colóquio enlaça a partir de sua interrogação, as relações entre a
Psicanálise e o corpo não é uma pergunta qualquer.
Ela não deixa de ser também, aquela que sustenta a Escola de Psicanálise fundada por Lacan.
O que acontece aí em uma análise que a seu final produz um analista? Essa é, portanto, a pergunta original e fundamental, do dispositivo do passe, dispositivo inventado por Lacan, no esforço de franquear àquele que se fez analista de sua própria experiência, a oportunidade de dar seu testemunho à comunidade analítica, mostrando como conseguiu, a partir da experiência da análise, construir um caminho em sua relação com o sinthoma, que lhe permitisse ir além da afetação de seu corpo, até uma identificação com a significação singular de sua experiência com a pulsão.
É importante ressaltar, o valor dessa
pergunta, principalmente quando a Escola Brasileira de Psicanálise
realiza sua primeira atividade no sertão, em Montes Claros. Já vimos
frequentando essas terras, a partir de outras instancias e atividades da
psicanálise, mas a chegada de maneira mais decidida da EBP, através de
sua Seção Minas, diz respeito a uma constatação, de que no Norte de
Minas, no que tange à psicanálise, de fato, algo acontece.
Se em sua intenção, a Escola de Lacan
busca a partir da experiência singular de cada falasser, apreender o que
é possível formular do percurso de uma análise até a produção de um
analista; em sua extensão, buscamos aprender o que a psicanálise pode
nos ensinar a partir da experiência de cada um que causado em sua
sofrência, encontra no analista um caminho de elaboração, de arranjo e
por que não dizer, de tratamento daquilo que em seu corpo acontece um
corpo que goza afetado que é pela linguagem, quando esse gozo se faz
impasse.
Assim, nada melhor que Guimarães Rosa para nos ajudar, com seu jeito de língua, a nos aproximarmos dessa afetação dos corpos, na particularidade do sertão.
Sorôco, sua mãe, sua filha, foi
“escolhido, senão arbitrariamente, mas em virtude do sentimento
intuitivo de sua riqueza…” para ser a referência do tema do Colóquio da
Escola Brasileira de Psicanálise – MG no norte de Minas. O escritor
Guimarães Rosa registra no conto certo momento na vida do povo de um
lugar. A chegada e a partida do trem que passava pelo sertão levando os
loucos para longe, para Barbacena, para sempre. Há a presença de um
ajuntamento de pessoas, que acompanham à partida das loucas; filha e mãe
de Sorôco. A partida da moça e da velha toca o corpo do até então
sensato Sorôco, que se esquisita. E no final a gente que estava ali
constatando as “enormes diversidades desta vida” se irmanam a ele, sem
combinação, repetindo o canto desatinado das duas loucas.
Sorôco parece ter sido arrebatado pelo “excesso de espírito e fora de sentido”, o que diz muito do laço da substância gozante com o real no corpo, ou seja, um acontecimento.
O que a psicanálise tem a dizer sobre esse saber que ressoa do escrito do Rosa?
O que pode nos ensinar, a experiência de nossos colegas do norte de Minas com a Psicanálise diante dos corpos?
Esta é a pergunta e, sobretudo, o convite de nosso colóquio.
Henri Kaufmanner e Jeannine Narciso
Coordenadores do Colóquio da EBP – MG – em Montes Claros
Coordenadores do Colóquio da EBP – MG – em Montes Claros
___________________//___________________
APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS
Arial; corpo 11; espaço entre as linhas
1,5; texto justificado; notas e referências listadas no final do texto;
tamanho Maximo do texto de 10 000 caracteres, incluindo espaços, notas e
referências. O eixo temático a ser apresentado, o nome e o e-mail do
autor virão antes do título.
Prazo para envio: 29 de abril de 2017
Obs.: Os autores deverão estar inscritos no Colóquio até esta data.
Os textos deverão ser enviados para: Henri Kaufmanner (kaufmanner@gmail.com) e Jeannine Narciso (jannarciso31@gmail.com) com o assunto “Trabalho para o I COLÓQUIO DA EBP-MG”.
Eixos temáticos
Eixo 1: O QUE AÍ ACONTECE: NA SAÚDE MENTAL?
Este eixo visa investigar o que acontece
na Saúde Mental, nestes tempos em que as referências tradicionais, a
transmissão do saber e as maneiras de fazer, de uma forma geral,
vacilam e se desarticulam. Isso incide diretamente na vida das pessoas,
nas famílias, no ordenamento social, no trabalho, nas referências
culturais, nos laços amorosos e sexuais, nas “identidades” sexuais.
Na atualidade, o corpo deificado pela
tecnologia esvaziou a função da palavra na clínica. Assim, nas redes de
atenção, o cientificismo passou a determinar os procedimentos do
diagnóstico ao tratamento. Com a saída do sofrimento do lugar de foco em
um tratamento, seria ainda possível uma prática na saúde mental que se
funda na história de um sujeito e as relações com seu sintoma? Mais
além, se para a psicanálise não haveria uma saúde mental, quais as
articulações possíveis entre o falasser e os serviços propostos para
acolhê-lo? Como inventar uma prática a partir dessa disjunção?
Eixo 2: O QUE AÍ ACONTECE: NA CLÍNICA COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES?
O eixo interroga o que acontece
atualmente, quando é colocado em evidência que a infância está mais
solitária que no século XX. A experiência de solidão se produz na
própria relação que a criança estabelece com seus objetos. Tal situação
se prolonga para a adolescência. Qual a consequência das reconfigurações
das famílias e das mutações na ordem simbólica para as crianças, os adolescentes e seus corpos? Como as crianças e os adolescentes lidam as ofertas de gozo de nosso tempo?
Nas instituições que se ocupam de seu
acolhimento, muitos já chegam, nomeados por designações vindas da
medicina ou do direito, carregando uma história de vida marcada pela
dispersão e pela segregação. Como pensar a agitação dos corpos, que
repercutem nas transgressões, na agressividade, nas marcas sobre corpo?
Seria possível operar com o tipo clínico diante da multiplicidade dos
diagnósticos que se impõem?
Como o psicanalista, para além dos
impasses contemporâneos, opera com as situações que afetam os corpos das
crianças e dos adolescentes? Quais as invenções possíveis ao falasser
diante dessa realidade?
Eixo 3: O QUE AÍ ACONTECE: NA CLÍNICA DAS ADIÇÕES E COMPULSÕES?
O avanço do discurso do capitalismo, tem
como uma de suas consequências a dominância dos objetos sobre a
cultura. A multiplicidade de formas de consumo e o imperativo de gozo
que estes carregam, resultaram no que podemos chamar de um laço social
intoxicado.
As compulsões e as adições são a
superfície mais visível e devastadora dessa realidade discursiva. Uma
realidade muitas vezes escancarada no estrago dos corpos e nos atos
violentos. A psicanálise se faz aí presente num campo onde práticas
morais coercitivas ou intervenções médicas radicais se impõem.
Que novas modulações de gozo podemos
provocar a partir de nossa presença? Que novos arranjos sintomáticos?
Qual o lugar para a palavra nesses casos? Qual experiência de nossos
colegas do Norte de Minas com a psicanálise diante dos impasses
apresentados por esta clinica? Afinal, o que acontece ai?
INSCRIÇÕES
Coordenação Geral: Henri Kaufmanner, Jeannine Narciso
Comissão organizadora: Andréa Guisoli Mendonça,
Christine Athayde, Magda Mota Serai Edine, Maria Helena Gonçalves
Fonseca, Mércia Pimenta Figueiredo, Rosângela Silveira
Comissão científica: Henri Kaufmanner, Jeannine Narciso, Fernanda Otoni-Brisset, Helenice de Castro, Sérgio de Castro
Siga informações atualizadas: https://www.facebook.com/events/763290240485212/
——————-//——————-
PROGRAMA
7:30 – Credenciamento
Café sertanejo
8:30 – Mesa de abertura
Fernanda Otoni-Brisset – Diretora-geral EBP-MG
Henri Kaufmanner / Jeannine Narciso – Coordenadores do Colóquio
Sérgio de Castro – Diretor adjunto da EBP
9:30 – 11:00 – 1ª Plenária – O QUE AÍ ACONTECE: NA SAÚDE MENTAL?
Debatedor: Helenice Saldanha de Castro
Coordenadora: Andréa Guisoli Mendonça
1 – Ricardo Otávio Maia Gusmão – A esquizofrenia e as experiências corporais: a saúde mental e a possibilidade de uma clínica rumo ao inconsciente
2 – Roberto Carlos Pires Júnior – Destinos do falasser: da saúde mental à deliciosa loucura
3 – Antônio César Silva – Fragmentos do caso: Estrela Cadente
4 – Gabriela Souza Pinto – A transferência na psicose: o que se aprende?
11:00 – 12:30 – 2ª Plenária – O QUE AI ACONTECE: NA CLÍNICA COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES?
Debatedor: Cristina Drummond
Coordenadora: Mércia Pimenta de Figueiredo
1 – Ana Carolina Ribeiro Lopes e Ruas – Autismo e adolescência: quando o rótulo cala o sujeito
2 – Maria Helena Gonçalves Fonseca – Ser-mulher, ser-homem a travessia de Joana
3 – Sílvia Reis Soares – Construindo barreiras, criando saídas
4 – Sônia Maria Dias Monção – A Medicalização da Infância em Tempos Escolares
12:30 – 14:30 – Almoço
14:30 – 16:00 – 3ª Plenária – O QUE AI ACONTECE: NA CLÍNICA DAS ADIÇÕES E COMPULSÕES?
Debatedor: Henri Kaufmanner
Coordenadora: Aparecida Rosângela Silveira
1 – Iara W. Biondi – Compulsão à repetição: a clínica do real
2 – Gabriel Silva Medeiros – Shame: gozo, câmera, adição!
3 – Isabela Ruas Aguiar – Não quero pintar o céu. Quero é o resto da tinta
4 – Taffarel Ramires Fernandes – “Chamava-se Almira e engordara demais”.
16:00 – 16:30 – Coffee Break
16:30 – 18:00 – Conferência – A Psicanálise, o corpo e o que ai acontece hoje
Convidado: Ram Mandill
18:00 – Encerramento
Fernanda Otoni-Brisset – Diretora-geral EBP-MG
Happy Hour na Cachaçaria do Kojak – por adesão
Nenhum comentário:
Postar um comentário