6 de maio de 2014

LACAN COTIDIANO N. 381 - PORTUGUÊS


Quarta-feira, 5 de março de  2014 - 10 h 09  [GMT + 1]
NÚMERO 381
Eu não teria faltado a um Seminário por nada no mundo — Philippe Sollers
Venceremos porque não temos outra escolha — AGNÈS AFLALO
www.lacanquotidien.fr
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Depois da guerra dos sexos, a guerra dos gêneros!

Uma família para todos… a crônica de Hélène Bonnaud


Acreditou-se que o rumor sobre a «teoria de gênero na escola»  estava praticamente extinto. Bem, estávamos enganados. Ele cresce e os detratores do casamento para todos, estão hoje na primeira linha para defender «os interesses das crianças e das famílias». Eles denunciam os efeitos perversos dos métodos implementados pelo governo atual para educar as crianças na igualdade homem-mulher. Programa, é verdade, eminentemente otimista para resolver esse dualismo complexo…
Certamente, a escola quer o encargo de uma certa concepção da relação homem-mulher e, para isso, criou oficinas ABCD que têm a tarefa de sondar as almas infantis sobre o modo como elas decodificam as funções homem-mulher, através da escolha de jogos e dos seus discursos sobre a diferença entre os sexos.

Apoiando-se nos estudos sobre gênero, iniciados há vários anos por diferentes autores americanos, dos quais Judith Butler é a mais conhecida na França, esses ateliers querem ler o modo como hoje, uma menina e um menino encaram seu futuro de homem e de mulher através dos comportamentos induzidos por toda educação.
Ora, esse programa faz sair às ruas e gritar, todos os detratores desta teoria do gênero (é assim que estes últimos nomeiam o que se chama mais precisamente estudos de gênero), porque eles aí vêem a negação mesma da diferença dos sexos. 
Fala-se de uma guerra de gêneros – seria preciso enterrar a velha guerra dos sexos? – e o barulho toma formas cada vez mais caricaturais. Hoje em Nantes, amanhã em Lyon, tudo o que toca à educação dos pequenos sobre a forma como os papéis masculino e feminino podem ser desconstruídos em nossa cultura, é revogado. Confunde-se sexualidade e sexuação, fórmulas teorizadas por Lacan (1). Estas indicam a escolha que um sujeito faz de um ou de outro sexo. O que determina a diferença entre os sexos não é a anatomia, mas a relação que cada um mantém com o phallus de um lado, e os dois gozos, fálico e feminino ou suplementar, de outro lado.  Estes não são o apanágio de um ou de outro sexo, mas constituem um modo de gozar, qualquer que seja seu sexo.
Mas voltemos a nossa questão. Pais de uma escola maternal em Nantes também denunciaram a leitura do livro Jean a deux mamans (2) feita em sala de aula para seus filhos. Esse livro encena uma família homoparental. A conversação entre internautas que se seguiu ao artigo publicado no metronews (3), diz bastante sobre a dificuldade em encarar que seja colocado em questão o trio papai-mamãe-criança. Toda criança tem direito a um papai e a uma mamãe, lê-se nessas linhas, mesmo quando o pai equivale a uma colheita de sêmen!
Trata-se de ter uma ou duas mamães ou de não ter papai? Ter duas mamães quando os outros têm apenas uma, tem algum peso… Mas isso substituiria o pai?
Sem dúvida os internautas colocam a questão porque, com efeito, não basta sustentar a escolha do parceiro para resolver a questão do casal parental. A criança está lutando com as coordenadas do discurso do mestre. Ter ou não (uma mãe, duas mães, um pai, dois pais) vai colocar-lhe forçosamente uma questão. Do mesmo modo se concebe a realidade psíquica da criança. Que ela se interrogue, que faça suas construções e que coloque questões para aqueles que encarnam para ela o saber, é o ponto a preservar.
A psicanálise não tem, sobre estas questões, qualquer resposta pré-estabelecida. Há para cada um a construção de sua história singular. É a partir desta estrutura que a análise toma seu ponto de partida. Cada um tem sua família. Ela é única. Quer ela seja feita de um pai e uma mãe, ou de uma família sem pai ou sem mãe (lembremo-nos de Sans famille de Hector Malot (4) que fez estremecer mais de uma pessoa), ou ainda da presença de substitutos parentais, não tem importância sob o ponto de vista da verdade. O que for dito sobre isto será a versão autêntica, aquela que terá consequências sobre o sujeito que dela fala.
Certamente, a teoria freudiana tem oferecido alguns elementos próprios, da forma como a sexualidade infantil interfere na construção de um sujeito. Sim, o menino e a menina não têm o mesmo olhar sobre seu próprio corpo. Um encontra aí o falo e teme perdê-lo, o outro constata a falta e quer tê-lo. Os desenhos infantis o atestam. O phallus determina a norma na maior parte do tempo, e a criança se apega a isso. As Versões com as quais ela pode nos alimentar, dizem respeito aos fatos que, se partem da anatomia, produzem suposições e construções individuais. A partir da interpretação que cada criança faz da  observação do que vê e ouve, é que ela constrói seu sexo. Ser um menino ou uma menina está ligado a escolhas inconscientes, determinadas pelas identificações e mobilizadas pelas teorias sexuais infantis, das quais Freud e Lacan identificaram as consequências.
Então, ler um livro chamado Jean a deux mamans, não mudará grande coisa na idéia que cada um faz de sua própria família e de seu sexo. Isso abrirá os olhos da criança sobre o que existe hoje e diz respeito a outros além dela mesma, ou a ela mesma. Nada demais. Isso irá indicar-lhe que há muitas maneiras de fabricar a sua família. O que, acima de tudo, constitui uma oportunidade suplementar para cada um. Que o ideal não mais seja conforme a norma edipiana, não irá perturbá-la. Porque ela, enquanto criança, o que quer saber é mais importante do que todos os medos que os adultos atribuem ao alcance educativo dos livros. Estes produzem ficções que nos dizem respeito, mas que não orientam nossos destinos.
Esses últimos estão assujeitados às cadeias significantes de cada um, no um por um, significantes que dizem respeito ao impacto do desejo do Outro na construção de um sujeito.

1  Lacan J., Le Séminaire, livre XX, Encore, Paris, Seuil, 1975, p. 73
2  Texier O., Jean a deux mamans, L'École des loisirs, 2004
Metronews, La polémique sur la théorie du genre
4  Malot H., Sans famille, Hachette

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A felicidade do phallus de Nicole Guey


A felicidade do phallus: a expressão se prestaria ao riso, tanto mais que é sobretudo por seu embaraço, o que é testemunhado pelo falasser nas dificuldades com o encontro entre os sexos. «Isso é porque há apenas o phallus para ser feliz – não o portador do dito», sublinha Lacan em 1970 no Seminário O Avesso da Psicanálise. Prolongando a descoberta freudiana do primado fálico, a elaboração lacaniana conduz a uma inovação: ser ou ter o phallus são posições subjetivas, e o gozo fálico não permite levar em conta a diferença de posicionamento sexuado. O enunciado de Lacan Não há relação sexual desloca isso que não cessa de não se escrever entre os sexos, ao o que é para cada Um, sua pesquisa quanto ao gozo.
Isso é para dizer da atualidade e da diversidade das questões trazidas por este conceito chave que é o phallus. Testemunhando isso, com quase um século de distância, está a famosa «Querela» dos anos 1920 e os confrontos recentes sobre o «casamento para todos». Nesse livro, Nicole Guey tem o cuidado de esclarecer passo a passo, de Freud passando pelo último ensino de Lacan, até os avanços produzidos por Jacques-Alain Miller. Articulando com a prática, ela tenciona testemunhar como a clínica da significação fálica abre perspectivas para a psicanálise e prova sua eficiência.

Nicole Guey, Le bonheur du phallus, préface de Y-Cl. Stavy, Lussaud, 172 pages, 15



Pedaços de real
Você terá de volta um pedaço?

por Caroline Leduc



O site do congresso da  AMP leva a sério o dito de Lacan segundo o qual « nós só podemos esperar pedaços de real », que « um núcleo em torno do qual o pensamento bordeja » e cujo « estigma [...] é o de a nada ligar-se »1. Os autores da rubrica « Pedaços de real », a partir de todos os horizontes da AMP e em todas as suas línguas, trazem fragmentos do real contemporâneo, através de textos incisivos nos estilos os mais diversos. Cada semana, novos Pedaços de real mordem o real do Século XXI. Qual pedaço do seu real o agarra? Pedaços de cura ou pedaços de vida, luzes teóricas ou iluminações artísticas, e outras pequenas portas abertas sobre o real do Século XXI:

Na era do desempenho, Lavillenie encontrou a pulsão de morte no além de sua proeza. Mas nosso século produz novos exorcismos do real, tomado aqui ao pé da letra. E a telerrealidade criou um novo delírio. No Século XXI, os homens também choram, e alguns cedem ao apelo  (« Aumente seu pênis »). Uma mulher conta na TV o seu  orgasmo de muitas horas, enquanto outra faz amor « para a ciência ». O que é do pudor na era da nudez generalizada ?) Não se está longe de escolher um filho à la carte), produto da ciência e objeto de consumo. Como viver na era da obsolescência programada, enquanto até mesmo o papa pode pedir demissão?
                                                      

À nostalgia do pai, a psicanálise prefere a sucessão de novos desafios, ali onde a web-terapia ressuscita as miragens egóicas. Como o analista faz ressoar seu corpo na cura? Recortes de curas exploram como o analista desmonta a defesa, às vezes com um simples sorriso. Um descobre um real na textura da carne assada, outro evoca pudicamente as dificuldades da maternidade, outro ainda o sintoma  produzido por um acidente fatal. Alguns enunciados revelam a fórmula do fantasma, eles têm um status de real ? Como responder a um pedaço de real, lombalgia ou enxaqueca  ?
E como ser um artista  no momento da consumação sem resto ? Alguns usam do fragmento e do plano maior. Touch of sin (filme)  pontua a forclusão do sentido de nossa época, o DJ Jeff Mills faz vibrar  os corpos de milhares de pessoas, enquanto Canino explora o avesso do imperativo   « todo homem é educável » e Gravity s'revela-se o filme de um mundo sem pé, nem cabeça.
Você também vai mandar um pedaço?



1. Lacan J., Le Séminaire, livre XXIII, Le sinthome, Paris, Seuil, 2005, p. 123.





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Berlim magnética: uma cidade real

por Émilie Champenois

Ela surpreende por sua arquitetura traçada, renovada e reconstruída sem cessar. Cidade profundamente humana, sintomática, os traços do traumatismo colam-se a seus passos como uma sombra : memoriais e lugares comemorativos, cemitérios judeus, East Side Gallery, Reichstag, segmentos conservados do muro, sede da polícia secreta entre 1933 e 1945 e prisão da Gestapo na qual se instalou o centro de documentação, « A topografia do terror ». Um pouco mais longe, em pleno coração de Checkpoint Charlie, erige-se provisoriamente o deslumbrante « cilindro-panorama » instalado pelo artista Yadegar Asisi (1) que, « assustado pela normalidade vivida na época », faz retroagir o tempo aos anos 1980 da guerra fria, por um magistral efeito visual, espantando o espectador no real de uma Alemanha dividida.
Para quem não teve a oportunidade de ver Berlin recentemente em carne e osso, nem de aproveitar seus cinemas obsoletos com bancos, como o féérico « Sputnik » (2) localizado no oitavo andar, sem ascensorista, de um imóvel industrial do quarteirão Kreutzberg, resta o ciclo « Berlin magnétique » (3) no Forum des images, do 1º de março a 20 de abril de 2014, em Paris. Poder-se-á ver através de oitenta filmes esta cidade emblemática.


Projeções inéditas como Berlin Alexanderplatz (4) em versão integral, Cours, Lola, Cours de Tom Tykwer (1998), Berlin symphonie d'une grande ville de Walter Ruttmann (1927) entre outros. Encontros com os cineastas, Thomas Arslan, Helma Sanders-Brahms, Romuald Karmakar, também estão previstos no programa, assim como conferências, instalações visuais e exposições de fotos.
Nesse meio tempo, eu quero falar a vocês de um filme bastante recente do qual gostei particularmente : Oh boy de Jan Ole Gerster (2012), programado para o primeiro dia do Forum.
Rodado em preto e branco, mas na Berlim de hoje, esse filme ao modo road-movie é uma pérola de modernidade. A imagem é metálica, as ruas são úmidas, a atmosfera melancólica. O herói é  Niko (Tom Schilling), trinta anos, desencantado, que parece estar na encruzilhada dos caminhos. Deserdado por uma decisão paterna, que se poderia tomar por um deixar cair formal, tudo parece então deslizar por entre os dedos do jovem rapaz. As cenas absurdas se encadeiam, pensa-se num sonho onde o irracional assume. Niko aparece como se as palavras não tivessem mais controle sobre os objetos, tal como o sonâmbulo de Broch.
Numa cena de um cinismo absoluto, um psicólogo sádico recusa dar-lhe a carteira de motorista com medo de que seu estado diagnosticado «flutuante», com base num hipotético DSM 5, se agrave e o conduza a uma alcoolização irremediável. As situações rocambolescas abundantes, a garçonete de um café orgânico, isenta da menor humanidade, recusa-lhe o favor de uns pobres centavos ; seu camarada Matze, certamente presente a mais de uma vulgaridade que o precede, junta-se ao patético do quadro. Mesmo quando Niko aspira ao despertar graças a um encontro inédito e surpreendente uma tarde num bar, a chegada do novo amor vai apenas acentuar o pathos ambiente. Ele reconhece Julika, uma jovem que se tornou irreconhecível, mas a quem ele conheceu anteriormente, uma antiga obesa um pouco tipo « Ugly-Betty » do liceu, da qual todo mundo, aí incluindo ele mesmo, escarnecia. Esta última não deixará de lembrar-lhe as lembranças de suas humilhações, alternando, num jogo de sedução ofensivo, as indiferenças, versão Emmanuelle Seigner – divina, em La Vénus à la fourrure, o último Polanski.
Niko revela-se, acima de tudo, um banal anti-herói dos tempos modernos, e Oh Boy poderia passar por um simples filme de iniciação aos moldes de um « déjà vu » pseudo-folclórico. Mas não se deve deixar enganar, ele pontua uma coisa rara, e é seguramente daí que provem seu encanto : o de tentar descrever, através do ódio de si e das feridas secretas do personagem principal, as repercussões traumáticas engendradas pelo hitlerismo sobre as jovens gerações, ilustrando a vã tentativa de dar um sentido a uma catástrofe histórica.

1 Projeto « Die Mauer »  www.asisi.de
2 Endereço : Hasenheide 54, 10967 Berlin, Allemagne
4 Adaptação do romance homônimo por Rainer Werner Fassbinder (1980)



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