19 de setembro de 2010

Lumen 188‏





Número 188 - 18 de setembro de 2010

Nesta edição:
Notícias do Curso “A abordagem do sintoma na clínica de orientação lacaniana” – aula inaugural
A semana na Delegação
O que sabe o psicanalista? IX Jornada DPB
Procura-se cartel
Eventos AMP/EBP


Curso de Psicanálise
A abordagem do sintoma na clínica de orientação lacaniana
Aula inaugural – Antonio Beneti

No dia 27 de agosto de 2010 iniciamos o Curso de Psicanálise: A abordagem do sintoma na clínica de orientação lacaniana. Tivemos o prazer de contar com a valiosa contribuição do psicanalista Antônio Beneti, AME da EBP e Membro da AMP e Presidente da Escola Brasileira de Psicanálise proferindo a aula inaugural que teve como título: A Psicanálise e os sintomas de nossa época.

Ele inicia sua aula tendo como referência as colocações de Lacan no seminário 17, no qual alerta aos estudantes que ao questionarem os ideais na civilização estariam em busca de um novo mestre. Em 1971, Lacan na Carta aos Italianos coloca que o discurso capitalista entra justamente na brecha instaurada pela queda do mestre colocando à disposição da cultura um delírio generalizado de normalização. Segundo Beneti o discurso científico, a serviço do mestre contemporâneo, produz significantes que definem e determinam um laço social intoxicado, pela química como também pelos significantes, pelas infindáveis nomeações.

Após esta introdução Beneti faz uma longa explanação no intuito de formalizar os ensinamentos de Lacan sobre o conceito da libido freudiana e a sua localização da libido destacando três momentos:

1º - a localização da libido é imaginária, ela se situa no eixo do estágio do espelho, no eixo especular do narcisimo.

2º - a localização da libido se efetua no eixo simbólico. Neste momento do seu ensino Lacan no intuito de dar uma base científica ao conceito da libido formula o postulado fundamental da Psicanálise: o inconsciente tem estrutura de linguagem, portanto ela é eminentemente simbólica. Neste contexto, o sujeito aparece enquanto intervalar, mortificado pelo significante que causa o desejo. Trata-se de um corpo mortificado pela palavra. Contudo, em 1964, Lacan já reconhece que por baixo da cadeia significante algo resiste à nomeação, à simbolização total da libido, pois há sempre um resto de gozo e nomeia o objeto a como resto da operação de castração. Assim podemos afirmar que no Outro há sempre uma referência vazia, algo sempre escapa à significantização, e, é justamente, neste ponto que se efetua o investimento libidinal como tentativa de recuperar o mais de gozar.

3º momento – A referência vazia já está lá desde o início, falta o significante que deveria nomear o gozo - S(A barrado) - é o significante da falta no Outro. A foraclusão, portanto, é generalizada. Lacan esclarece que através da linguagem domesticada não é possível nomear o resto de gozo, este lugar é vazio e cada um tem que se virar para inventar sua nomeação. Lacan postula a existência da língua do a, língua que se inventa para nomear o gozo do ser falante que é o mais íntimo e singular de cada um.

Neste momento de seu ensino, Lacan introduz e traz para o primeiro plano do seu ensino a dimensão do corpo enquanto vivo. O significante passou então a ser considerado como causa de gozo, uma vez que ele incide no corpo tendo efeito de gozo. No centro das reflexões situa-se o sinthoma e não mais o sintoma. Trata-se, pois, não mais de um sujeito dividido, mortificado pelo significante, mas do falasser.

Concluindo, Beneti retoma a questão do sintoma na época atual pontuando que uma vez que a referência é vazia, que os ideais declinaram e os sujeitos encontram-se desbussolados a ciência entra nesta brecha inventando incansavelmente novos objetos e anunciando que é possível gozar com eles. Temos então um mundo comandado não mais pelos ideais, mas pelo gozo.

Segundo ele coloca, podemos afirmar que o discurso científico produz falsas teorias que geram nomeações produzindo um falso saber, uma vez que se pautam no delírio generalizado de normalização oferecendo identificações universalizantes que excluem a dimensão da subjetividade. A psicanálise recebe os fracassos do delírio generalizado de normalização e opera contra este delírio. Portanto, ela tem uma posição anti os novos sintomas. Assim, podemos afirmar que ela não nega que a referência é vazia, reconhece-a como sendo de estrutura e convoca o sujeito a falar abrindo espaço para que a invenção possa acontecer e a singularidade possa emergir.

Concluindo, destacamos ainda que Beneti, nesta aula inaugural, coloca as referências fundamentais que devem nos servir de balizas no curso que se inicia e que tem como objetivo abordar o sintoma na orientação lacaniana.

Por Glacy Gorski

ATIVIDADES DA SEMANA

JOÃO PESSOA
Atividade preparatória ao XVIII Encontro Brasileiro do Campo Freudiano
O sintoma na clínica do delírio generalizado
Coordenação: Vânia Ferreira e Zaeth Aguiar
Quarta-feira, 20:00
Próximo encontro: 22 de setembro
Local: sala da DPB
Discussão do texto: A negativa – Freud, 1925 – Obras completas de Sigmund Freud – vol XIX
A apresentação do texto ficará a cargo de Cleide Pereira
Atividade aberta aos interessados e isenta de pagamento

CAMPINA GRANDE

UNI DUNI TÊ – Núcleo de Estudos ´A Criança e o Adolescente na Contemporaneidade´
Coordenação: Mª Cristina Maia
Quinzenal, terças-feiras, às 17:30
Próximo encontro: 21.09.2010
Local: Sede da DPB – CG
Telefone p/ contato: 8815.4155
Texto a ser discutido: IX lição - O Inconsciente real, de Jacques-Alain Miller
Os textos encontram-se na Xerox nº 1, na Vidal de Negreiros, em frente ao Hotel Onigrat.

IX Jornada da Delegação Paraíba
O que sabe o psicanalista?

Édipo e a esfinge
Jean-Auguste Dominique Ingres
(pintor francês)

Convidado: Ricardo Seldes
Membro da Associação Mundial de Psicanálise
Analista Membro da Escuela de Orientación Lacaniana (EOL)
Buenos Aires


Seminário: O sintoma e o delírio generalizado
Romildo do Rêgo Barros

Membro da Associação Mundial de Psicanálise
Analista Membro da Escola Brasileira de Psicanálise (EBP)



05 e 06 de novembro de 2010
Hardman Praia Hotel

Av. João Maurício, 1341 – Manaíra
João Pessoa


Início: 15:00
Valores: 150,00 (profissional)
100,00 (estudante de graduação)

Procura-se cartel

Aos que têm interesse na investigação de um tema particular e pelo dispositivo do cartel, que possam declarar sua intenção enviando um email para cassandradias@uol.com.br para divulgação na coluna “Procura-se cartel” . Quando quatro pessoas estiverem reunidas em torno de um tema comum, o cartel estará constituído. Temos dois temas de interesse que aguardam novas inscrições: Leituras de Freud e o seminário 10 de Lacan A angústia.

Leituras de Freud
Eliane Pereira de Araújo
Jacicarlos Alencar

A angústia – seminário 10 – Jacques Lacan
Gorete Sarmento
Marlene Brito
Sthéfani Gomes


EVENTOS EBP/ AMP

XVIII Encontro Brasileiro do Campo Freudiano
O sintoma na clínica do delírio generalizado
19,20 e 21 de novembro de 2010
Hotel Maksoud Plaza – São Paulo

V Encontro Americano de Psicanálise de Orientação Lacaniana - ENAPOL
A saúde para todos não sem a loucura de cada um: perspectivas da
psicanálise
11 e 12 de junho de 2011
Rio de Janeiro


Endereços das sedes:
João Pessoa - Av. N. Sra. dos Navegantes, 415/ 208 - Empresarial Navegantes - Tambaú - Fone: (83) 3226 3671
Campina Grande - Av. Nilo Peçanha, 541 / 207 - Empresarial José Augusto Lira - Prata

DELEGAÇÃO PARAÍBA
COORDENADORA GERAL: Sandra de Sousa Conrado
SECRETÁRIA GERAL: Margarida Elia Assad
SECRETÁRIA DE BIBLIOTECA e MODERAÇÃO: Cassandra Dias Farias

ESCOLA BRASILEIRA DE PSICANÁLISE
PRESIDENTE: Antonio Beneti
DIRETOR GERAL: Rômulo Ferreira da Silva
DIRETOR TESOUREIRO: Luiz Fernando Carrijo da Cunha
DIRETOR DE BIBLIOTECA: Simone Oliveira Souto

Site da EBP: http://www.ebp.org.br/
Site da AMP: http://www.wapol.org/
Contato DPB: delegacaoparaiba@yahoo.com.br

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