12 de fevereiro de 2014

[EBP-Veredas] LACAN COTIDIANO N. 367 - PORTUGUÊS‏

Domingo, 12 de Janeiro de 2014 - 12h00 [GMT + 1]  
NO 367
Eu não teria faltado a um Seminário por nada no mundo — Philippe Sollers
Ganharemos porque não temos outra escolha — AgnÈs Aflalo
 
 
Dieudonné: do silêncio à permissão

por Anaëlle Lebovits-Quenehen

Há dez anos o antisemitismo de Dieudonné lhe dá, junto a um certo número de franceses, uma aura que não cessa de aumentar – e que infelizmente corre o risco de continuar aumentando.
Da mesma forma, em breve fará dez anos do ato de fundação do grupo Dix-it1 , que foi um artigo sobre as premissas do caso Dieudonné tal como nós as conhecemos hoje. Seus signatários denunciavam não somente o fato que Dieudonné delirava, mas que às suas derrapagens, desde então inquietantes, a imprensa francesa (espelho da opinião que a consulta) opunha um silêncio vibrante.
Nenhum jornalista, ou poucos, julgam oportuno revelar então ao grande público suas derrapagens incontroláveis. A princípio, escutava-se falar de Dieudonné às vezes, quando se radicou na Argélia: a imprensa francesa aceita se fazer eco do riso culpado de estrangeiros em suas terras estrangeiras, pois ela não gritava palavra da hilaridade de alguns de seus concidadãos que riam, entretanto, do mesmo riso atrás de suas janelas. Se minha lembrança está boa, Dieudonné já havia preenchido o Zênith de Paris e com temas que fazem escândalo hoje.
Dieudonné antisemita, Dieudonné ignóbil, Dieudonné incitando ao ódio aqueles que lá estão inteiramente dispostos, suscita, para começar, bem poucas reações. É, sem dúvida, que quanto menos se fala, a coisa não existe. Uma certa preguiça orientava esse silêncio. Porém, mais do que um pretexto, esse silêncio, afirmamos esta hipótese, era sinal de complacência.
Jacques-Alain Miller acabava de criar o jornal LNA - Le Nouvel Âne, no contexto de ameaças pesando sobre a existência da psicanálise, e lá acolheu o artigo coletivo de título «Um silêncio impossível de suportar», que dava o tom. Vi nisso o sinal de que em uma época na qual se pode seriamente pretender interditar o exercício da psicanálise, é uma época onde não é necessário se espantar que tenha algumas indulgências face ao antisemitismo (re) nascente que a marca.
Os tempos mudaram: escuta-se falar em todos os lugares de Dieudonné e de suas fantasias escandalosas, e ufa!, mesmo nesta tarde, na hora em que escrevo essas linhas, seu espetáculo acaba de ser interditado pela segunda vez. Enfim! Mas, o que preocupa nos últimos tempos, não é somente o número crescente de seus aficionados ou os 5000 Nantais (habitantes de Nantes) que compraram seus lugares para relaxar com ele numa boa temporada de risos (e não digo nada aqui dos milhões que assistem seus vídeos no Youtube). O que preocupa nos últimos tempos não é somente que o humorista escape de numerosos processos por incitação ao ódio, tampouco que não sejam denunciados mais firmemente. Não, o que preocupa é a possibilidade de que tais reuniões tenham lugar em nosso país com toda legalidade.
Manuel Valls providenciou os meios necessários para a interdição de um de seus espetáculos ontem à noite e hoje novamente. Faltou pouco para ele cair. É claro que a coisa divide. E mesmo entre aqueles que implicam com as propostas odiosas de M. M’Bala M’Bala, alguns não consideram legal que seus espetáculos sejam interditados. É que até ontem à noite a jurisprudência não permitia tal interdição. É necessário se decidir a discutir o direito estabelecido e, ao mesmo tempo, reforçar a prevenção antiracista. Admitamos. Porém, numa nova época, não seria necessário uma nova jurisprudência? E qual credibilidade teria uma prevenção antiracista que se acomodaria à manutenção de tais aglomerações?
A decisão do Conselho de Estado é alguma coisa. Ela muda o direito e coloca, ao menos momentaneamente, um basta salutar à invasão de ódio que os judeus são objeto nos espetáculos de Dieudonné. Foi necessário. Porém, essa decisão não é tudo. O antisemitismo retira pelo da besta, e, mais uma vez o que permanece preocupante nesta noite, malgrado a interdição, é que com o número crescente de seus fãs, aumenta também o de advogados, juristas, homens políticos, sociólogos e intelectuais – e dentre os melhores – que sem dúvida não são «fã» do importuno, mas duvidam publicamente da pertinência dessa interdição, sustentando que ele pode continuar a produzir seu espetáculo para lá dizer o que diz. Os legalistas de hoje, onde alguns denunciam o excesso de barulho que rodeia o caso e pretendem que valeria mais não falar disso, os legalistas de hoje valem verdadeiramente mais que os silenciosos de ontem?
É verdade que o tempo passou desde a Shoah. Os resgatados dos campos, e com eles também os da resistência e os colaboradores marcados por esses tempos obscuros, se extinguem pouco a pouco. E é como se, com o desaparecimento da geração que foi marcada em sua carne pelo trauma, o véu de pudor que envolve esse episódio da história se levantasse pouco a pouco para mostrar o que fervia sob o véu, por toda a eternidade.
O antisemitismo não é racismo. Quando o racismo destaca um defeito de gozo adequado, coloca em evidência um gozo que seria muito adequado. O antisemitismo é, portanto, a variante feroz de uma feroz relação ao Outro, e essas duas formas de relação ao Outro, que não valem uma mais do que a outra, estão hoje de vento em pôpa.
O que é, entretanto, o ódio do Outro, que ele supostamente goza muito mal ou muito bem? Não é ódio de si, mas do mais estranho de si em si, a saber, ódio da existência no coração do ser2. E se ele prospera em tempos de crise econômica, é que a crise econômica traz problema aos semblantes que sustentam o ser, permitindo-lhe considerar o existente. Localizá-lo no Outro, e, subjacente, o mercado, o desprezo, este Outro, não podermos dele nos desembaraçar integralmente é uma tentativa velha como o mundo, mas também nova para compor sua condição de falasser.
O rumor da época se introduz como un souffle au-dessus du vent3 [um sopro por baixo do vento]. Os tempos mudam, certamente. Será necessário tê-los sob os olhos para combater seus desvios.
 
1 O grupo Dix-it foi objeto de uma Aufhebung na revista Le Diable probablement, – cujo próximo numéro deverá ser lançado no outono 2014.
2 Sobre essa diferença entre o ser e a existência ver o curso de JAM « O ser e o UM », inédito.
3 A expressão é de Charles Soucy.
 
 
Fora do Campo, o real

por Jeanne Joucla

 
 
O Festival Travelling Rio1, que acontecerá em Rennes, convida no dia 3 de março, segunda-feira, a Association de la Cause freudienne para debate em torno de um documentário brasileiro intitulado Um lugar ao sol2 de Gabriel Mascaro.
 
 
Traduzido em francês como Une place au soleil, o filme se interessa por um aspecto inédito das cidades brasileiras, das quais estamos acostumados a ouvir falar através do futebol, do carnaval ou da miséria das favelas... Nada disso neste documentário, ou de preferência se… porém esvaziado, quer dizer a maior parte do tempo fora do campo, como se diz no cinema: esse fora do campo é o que é suprimido da visão do espectador, é o campo do recalcamento (eu não quero saber) e/ou o da fantasia (imaginário reforçado).
Coberturas
O filme mostra entrevistas de alguns representantes da elite brasileira, vivendo nas metrópoles do Rio de Janeiro, de São Paulo ou de Recife, que têm em comum morar em uma cobertura – uma dessas luxuosas casas com jardim e piscina, construídas no teto dos imóveis, de frente para o mar.
Pressionada pela necessidade de responder ao convite do festival, assisti ao filme uma primeira vez rapidamente. Filme violento e brusco, tanto pelas imagens – surplomb, contre plongée, travelling vertiginoso – quanto por seus próprios objetivos. Entendemos que as imagens exteriores foram o único meio para o diretor de exprimir sua subjetividade, em contraponto às palavras dos proprietários, filmadas em câmera fixa. Dos nove que aceitaram falar de seu privilégio, um só exprime suas dúvidas: «Vivo aqui porque meus pais trabalharam duro por mim, para que eu tenha esse alto padrão de vida… Porém, às vezes, tenho um peso na consciência, porque aqui, nesta cobertura, não é o verdadeiro Brasil… »
 
Porém, é sem vergonha que a maioria evoca – com a desculpa de se aproximar das boas coisas da vida, do Belo e da Natureza – a felicidade sem  miscelâneas que eles têm por viver «acima», «no cume», «dominando» ou «mais perto de Deus»!
Luxo, calma e volúpia
Luxo, calma e volúpia… de possuir tanto espaço e conforto; de serem preservados de incômodos sonoros; de perceber de longe as pequenas casas coloridas das favelas; de contemplar as balas perdidas das metralhadoras entre gangues rivais, como se fossem belos fogos de artifício... e suas espreguiçadeiras ao sol… de ter tal tranquilidade e segurança (a cobertura é o último andar a ser atingido em caso de ataque)… Único aborrecimento: imóveis vizinhos, ainda mais altos, podem ser constrídos e ameaçar essa tranquilidadede. Será necessário, então, construir cercas em torno da piscina…
As imagens dos exteriores são intercaladas por Gabriel Mascaro com pensamentos: é em surplomb que vemos em baixo, minúsculas, crianças correndo na praia; os carros, parachoques contra parachoques, congestionarem a marginal; os pescadores retirarem suas redes de um mar sujo e poluído; a sombra projetada pelas altas torres no mar… Isto acompanhado de uma trilha sonora misturada a golpes ensurdecedores dos novos imóveis em construção… Em um longo travelling, a câmera de Gabriel Mascaro segue, distanciada, a de um dos proprietários filmando, de seu terraço, o Cristo Redentor ou a favela Dona Marta…
 
 
 
Separação dos gozos
Em «Televisão», Lacan evocava: «No desatino de nosso gozo, só há o Outro para situá-lo, mas enquanto estamos separados dele. Daí as fantasias...»3.
Será necessário, de fato, nos sustentarmos em Lacan e também em J.-A. Miller para apreender como os objetivos chocantes do filme, que esboça por pequenos toques uma espécie «apartheid» entre os ricos e os outros, se enraízam, da mesma forma que o racismo, em «o ódio do gozo do Outro, o ódio do modo particular com que o Outro goza»4.
«Deixar esse Outro entregue a seu modo de gozo, eis o que só seria possível não lhe impondo o nosso...»5, acrescentou Lacan. Isto que uma das protagonistas do filme, indignando-se que as tradições religiosas do novo ano tenham se perdido a favor dos fogos, ilustra numa frase lapidar: «A única coisa que subsiste autêntica no Brasil, esses imbecis (os cariocas) jogaram fora». Vinculada a um ideal de autenticidade essa proprietária cuida de sua melancolia colecionando artesanato indígena: objetos mais-de-gozar – máscaras, estátuas de escravos – o bom velho tempo colonial, quê!
Como escreve Manuel Zlotnik sobre essas residências para ricos, «eles lá se fecham, acreditando poder reconstituir a realidade do mundo sob uma forma asséptica, se protegendo do confronto com outros gozos».6
Capitalismo e mais-de-gozar
Pensamos no «narcisismo das pequenas diferenças» freudiano, segundo o qual uma comunidade humana se reúne «sob a única condição de que restem outras fora dela para receber os golpes». Esses ricos habitantes das coberturas formam, de fato, uma comunidade, minimamente aquela do dinheiro do capitalismo, como se gaba o proprietário da casa noturna «a mais importante da América Latina». Um homem veloz em promover sua própria valorização – «Eu vou aos melhores hotéis, tenho os mais lindos relógios, os mais lindos ternos, as mais lindas mulheres e as emoções mais extraordinárias» – opõe a classe «executiva» e a classe do «povo», as bolsas  Vuitton às bolsas plásticas, os velhos Fiat aos Jaguar – tem-se as comparações que se pode! E acrescenta: «Quando eu digo que vivo em uma cobertura me olham diferente». É uma comunidade de «ter» que se trata, face àquela dos que «não têm», os que estão em baixo, os mais numerosos. Sobre a cor da pele não há questão no filme, porém as imagens não mostram na tela proprietários «de cor».
 
Um real para xxie século
Laure Naveau, em um texto publicado em Lacan Cotidiano, nos lembra que
J.-A. Miller «atribui aos psicanalistas do século xxie a tarefa de substituir as leis loucas da modernidade – os efeitos segregadores do capitalismo – por uma outra desordem que consiste em desmontar a defesa contra esse real para encontrar o que faz, de cada Um, sua singularidade, sua «diferença absoluta»7.
No filme, os sujeitos entrevistados nos mostram que já encontraram sua solução face ao medo do outro: barricadas nas coberturas ou outras fortalezas equipadas com high tech security, defesas contra o real se ele existir, pois são sujeitos assegurados do bem fundamentado de sua posição.
Dois dentre eles, ainda jovens, estão de tal modo felizes que a vida, sendo eles, poderia parar aí…
O poder, a força devida ao dinheiro, vem obstruir o horizonte de um outro…
O belo e o contato com a natureza anestesiam alguns...
Com suas coleções um outro mantém imaginariamente um mundo idealizado…
Contemplar a vida por traz de uma câmera edulcora, para outro, sua relação ao mundo...
Outros ainda substituíram à desordem do simbólico, uma outra lógica: mais perto de Deus, falar com Deus…
Só um dentre eles duvida, um jovem estudante: «Tenho um peso na consciência, uma cobertura não é o Brasil…». O filme de Gabriel Mascaro se faz, nesse contexto, o ângulo escondido na brecha.
 
 
1Festival Travelling Rio em Rennes, de 25 fevereiro a 4 de marco de 2014. Projeção de Une place au soleil, segunda-feira, 3 março de 2014 às 20h.
2Um Lugar Ao Sol, de Gabriel Mascaro (Brasil, 2009).
3Lacan J., «Televisão», Outros Escritos, Rio de Janeiro, Zahar, 2003, p. 533.
4Miller J.-A., «L’orientation lacanienne. Extimité», leçon du 27 novembre 1985, inédit.
5Lacan J., ibid.
6Zlotnik M., «Racisme (un fil argentin)», Scilicet. Un réel pour le XXIe siècle, vers le IXe congrès de l’Association mondiale de psychanalyse, Paris, ECF-Collection rue Huysmans, 2013, p. 413-414.
7Naveau L., « Le réel, un antiracisme inédit »,  Lacan Quotidien n° 357 : Lire ici
 
 
Jia Zhangke, Um toque de pecado
 
 
 
por Claude Van Quynh
 
Um caminhão de tomates tomba no Shanxi em pleno inverno, seu motorista morre no acidente. Isto não tem nenhum sentido. É a China de hoje. Tudo semelhante ao tomate espalhado no carregamento caído, que um homem balança em sua mão, a vida de um homem não tem mais substância que o sangue que escorre dele. Somente a frágil película que lhe dá forma impede que exploda, esse tomate. Só nossa pele frágil contém nossa vida.
Este homem que não consegue se fazer ouvir por aqueles que estava até agora ligado, não terá outra saída do que fazer (explodir) sua pele. De qual lado está o autismo?
Esse outro se fixará ao único produto que lhe dá o sentimento de ter uma atribuição no mundo, puxar o gatilho da arma que destrói o Outro.
Esse jovem homem, «com a vida diante dele», não é nada no trabalho, nada para uma mulher, reduzido a nada por seu alterego que nem se dá ao trabalho de machucá-lo, reduzido a ainda menos que nada incapaz que é de ser o agente do gozo de sua mãe; ele se ejetará dessa cena onde não há um lugar para si.
Somente aquela filha de escrava, que recusa o lugar de escrava sexual que lhe é reservado, com o bisturi que ela não tem e a faca que subtraiu daquele que crê ter uma, nos deixa esperar entrever uma saída.
Nesse mundo, o mundo de Jia Zhangke nos impinge a cena do teatro tradicional, que lá está para regular, codificar as relações dos homens, o pensamento do Grande Timoneiro, desde então artificializado em estátua do comandante, aparece em toda sua dimensão de artifício. O cinema, na medida em que levanta uma ponta do véu sobre o real em causa, é a sétima arte que amamos que seja.
 
Les InRocKuptibles: A céu aberto
 
Ler em Les InRocKuptibles n° 945 (8 a 14 janeiro 2014) um artigo sobre o filme de Mariana Otero :
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Lacan Cotidiano
publicado por navarin éditeur
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